sábado, 31 de janeiro de 2009

O futebol... e a balada!

Quase diariamente a notícia surge: “certo jogador foi visto em uma boate...” A minha pergunta é: a balada influencia no rendimento do jogador?

Vários atletas de ponta do futebol brasileiro já sofreram críticas por gostarem da noite. As opiniões variam muito. Alguns acham que influencia diretamente no rendimento do atleta. Outros dizem que o jogador de futebol é um ser humano como qualquer outro, e que pode fazer o que quiser da sua vida.

Ronaldo, Adriano, Ronaldinho e Robinho são casos recentes desse tipo de fato. O centro-avante da Internazionale perdeu espaço no time, se desentendeu com alguns treinadores e não conseguiu se firmar na seleção. O mau-comportamento é a grande causa disso, mas há quem diga que as festas e noitadas do craque podem ter colaborado. Hoje, jogando como titular, ele diz que Mourinho salvou sua carreira.

Robinho é outro exemplo. Visto freqüentemente na “balada”, na semana passada foi acusado de tentativa de estupro na Inglaterra, está sendo investigado e deu a resposta no campo. Contra o New Castle, Robinho jogou bem, deu passe para gol, e ajudou o Manchester City a sair com a vitória.




Agora vou dar alguns exemplos de jogadores que gostam de uma “festinha” e que se deram muito bem no esporte.

Romário dispensa comentários. Mais de 1000 gols... matador. Um craque. Dinho, volante do Grêmio nos anos 90, foi campeão da Libertadores, um líder no grupo comandado por Luis Felipe Scollari, e nunca deixou de aproveitar as noites de folga. Outro exemplo é Fabiano, atacante com ótima passagem pelo Internacional. Passagem também polêmica por causa do comportamento extra-campo. Atacante do São José de Porto Alegre, Fabiano faz dupla com o também experiente Sandro Sotili, e que também gosta de uma “baladinha”. Os dois deram muito trabalho na segunda rodada do Gauchão, contra o Inter.


Ronaldo, ídolo nacional, já foi envolvido em vários escândalos deste tipo. O maior deles foi quando o Fenômeno teria se envolvido com travestis. Não estou aqui para dizer se o fato é verdadeiro ou não. Na última semana, o camisa 9 do Corinthians foi visto saindo de uma boate, o que com certeza teve repercussão. O técnico Mano Meneses expressou sua opinião no programa Bem Amigos, do canal SPORTV. O comandante do Timão afirmou que se não atrapalhar no rendimento do atleta, não tem nenhuma importância, mas disse também que Ronaldo é uma pessoa famosa, uma referência, e que esse tipo de atitude gera preocupações e pode causar problemas. O capitão do Corinthians, William, trocou os papéis. O zagueiro defendeu o craque e disse que ninguém fica atrás de jornalista para saber o que estão fazendo e que na hora da folga, todo mundo é livre para fazer o que bem entender.

A opinião de William é bem parecida com a minha. Se o jogador tem a noite livre, não está em concentração, e não tem jogo no dia seguinte, ele é um ser humano normal e deve aproveitar a folga como bem entender. Desde que esse tipo de atitude não prejudique o rendimento em campo.
Quantos jornalistas, médicos, advogados e arquitetos são vistos em festas todas as noites? Com certeza são muitos. A ressaca no dia seguinte atrapalha alguns e outros não. Se Ronaldo, Ronaldinho, Adriano, Robinho, e tantos outros craques que gostam de curtir na noite, continuarem jogando o que jogam, e dando alegrias para suas respectivas torcidas, as noitadas continuarão sendo meras coadjuvantes, perto da grandeza do futebol de cada um deles.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Marina... Raça feminina do Lobo





O futebol feminino vem se destacando no Brasil. Marta, Cristiane, Formiga, enfim, vários nomes já consagrados no esporte.

Em Pelotas, algumas meninas se destacam. No ano passado, o E.C. Pelotas Phoenix conquistou o Campeonato Gaúcho. Por isso, conversei com Marina, volante campeã gaúcha. Entre os temas abordados, o futebol feminino no Brasil, o início da carreira, as dificuldades do futebol amador e, é claro, a conquista do Gauchão. Acompanhe a entrevista na íntegra, aqui no Bola na Área.

FICHA TÉCNICA
Nome: Marina Luzardo Camacho Rodrigues
Idade: 17 anos
Posição: volante







Bola na área:
Quando começou teu interesse pelo futebol?

Marina: Desde pequena, via meu pai e meu irmão jogar em Jaguarão... Ia em campeonatos com meu pai e ai jogava com crianças(meninos na maioria das vezes).

Bola na área: Quando tu percebeste que poderia dar certo no futebol?
Marina: Sempre joguei porque gostava, e confesso que também achava que tinha jeito pra isso.

Bola na área: Onde tu começaste a jogar?
Marina: Joguei na escolinha do “Bené “e no “Bola bola”, mas tudo que aprendi foi graças a meu irmão. Meu pai foi quem me levou pros campos ou quadras, mas quem me ensinou a chutar, tocar de lado, essas coisas, foi meu irmão.

Bola na área: Como tu vê o futebol feminino hoje no Brasil? As medalhas olímpicas influenciaram em alguma coisa?
Marina: Com certeza, infelizmente o processo de evolução no futebol feminino no Brasil está sendo mais lento do que em outros países. Mas hoje temos consciência que uma parte dessa evolução é graças às medalhas e as conquistas que elas vêm alcançando ultimamente.

Bola na área: Quem é teu grande ídolo do esporte?
Marina: Acho que a Marta é uma jogadora muito boa... ela é diferenciada! Mas como a Daniela Alves não existe! Joga muito!É guerreira!

Bola na área: Qual é a tua principal característica?
Marina: É difícil falar sobre mim, mas pelo que o técnico fala é a garra! Se eu tiver que entrar e “comer grama” pra pegar uma bola quase perdida, eu como! Nada é impossível pra mim!


Bola na área: Falando no técnico, o que o Marcos Planella significa pra ti?
Marina: Uma pessoa vencedora, que corre atrás de seus objetivos e metas e não tem medo de errar, porque ele arrisca mesmo! Gosto muito dele, além de meu treinador ele é um amigo por quem tenho grande admiração!

Bola na área: Tu pretendes seguir carreira no futebol?
Marina: Sim, mas pelo fato de o futebol feminino ser amador ainda, pretendo seguir estudando, fazer fisioterapia e depois educação física. Acho que os estudos também são muito importantes.

Bola na área: Como foi a campanha do Pelotas no Gauchão?
Marina: Foi boa! Tivemos a melhor defesa do campeonato. Sofremos apenas três gols em todo o campeonato. Fomos o time mais disciplinado também.

Bola na área: Tu te preocupas com a aparência, isso é um sinal de que futebol não é “coisa de homem”?
Marina: Acho que a aparência é importante sim. Não é porque praticamos um esporte "violento" que exige bastante força, resistência... Que temos que nos vestir ou agir que nem homens.
O corpo modifica um pouco, mas acho que o jeito feminino sempre fica. É uma pena que nem todo mundo pense assim... Até já participei de concurso... e futuramente pretendo participar de mais um.

Amigos: Compreensão... respeito.
Família: A base de tudo.
Futebol: Paixão que não se termina.

O adeus de um ídolo...




Ídolos... O que os verdadeiros ídolos significam para uma apaixonada torcida?

Por que milhares de pessoas vão a um estádio, movidas pela paixão, para gritar por seus jogadores?


É, pela paixão, por força maior. Paixão esta, que três homens sentiam por um clube, por uma nação. Paixão estampada na raça de Régis, na dedicação de Giovani... nos gols de Milar...


Paixão que ficava evidente a cada flechada que Milar disparava contra seus adversários, a cada carrinho de Régis, no dia-a-dia do Giovani.


O preparador de goleiros do Grêmio Esportivo Brasil, além de excelente profissional, era Xavante de verdade. Queria deixar o clube para cuidar de suas escolhinhas. Para ele o futebol ia muito além das quatro linhas. Mas não conseguiu. Decidiu permanecer no Brasil... Futebol é paixão!!! E ele, era apaixonado pelo que fazia. No ano passado tive a oportunidade de acompanhar a delegação do Rubro-negro em alguns jogos do Gauchão, fora do Bento Freitas. Oportunidade única para um membro da imprensa. Conheci o que é uma concentração, vi como era o clima das viagens, mas o principal, conheci este guerreiro. Um rapaz simples, humilde, de bom coração. Um rapaz que vai deixar saudade.

Régis também era apaixonado pelo que fazia. Ao lado de Alex Martins, formou uma das melhores duplas de zaga que eu já vi no interior do estado. Futebol é paixão... e esses dois zagueiros se completavam, eram como irmãos. Sempre juntos no mesmo quarto, no mesmo banco do ônibus. Um guerreiro. Identificado com o clube. Carrinhos chegadas fortes, mas sempre leais, bom posicionamento... um cão de guarda. O que a torcida gosta. O que o torcedor Xavante quer e sempre quis. Um Rubro-negro. Um Xavante. Cara feia dentro de campo, mas sempre de bom-humor fora dele. Vale retratar que chegando de uma viagem, eu não tinha como voltar pra casa, e este sensacional sujeito me deu uma caroninha. Um ídolo. Um ótimo zagueiro, mas acima de tudo, um ótimo ser humano.


Antes de sair para o amistoso contra o Santa Cruz, Milar, bem-humorado como sempre, fez mais uma piadinha para o seu João, funcionário do Bento Freitas, que cortava o gramado. Ele dizia: “Seu João, corta direitinho pelas pontas que eu quero fazer gol no domingo hein!” Ele adorava dominar a bola e sair cortando em velocidade pra cima dos zagueiros. Com 34 anos, parecia um garoto com a bola nos pés. É, e os garotos não conseguiam acompanhá-lo. Nascido no Chuí, cidade onde eu cresci, onde ele é e sempre será um ídolo, uma referência. Mais um sujeito simples, bem humorado, humilde, com boa vontade. Em Veranópolis, eu estava sem cabine para poder gravar o jogo para a TV UCPel. Preocupado, corria de uma lado para o outro. Eu estava cruzando o gramado quando a equipe do Brasil entrava pra fazer o aquecimento. A preocupação estampada no meu rosto, quando Claudio Milar me perguntou: “O que houve?” ...

Ele parou o aquecimento para tentar me ajudar. Chamou um funcionário do estádio, disse que eu tinha viajado muitos quilômetros para gravar o jogo. O funcionário do VEC ficou intimidado com a situação. Estamos falando de Claudio Milar. Enfim, graças a ele gravei a partida. E por sorte o preparador físico não ficou “chateado” comigo.

Mas o momento mais importante da carreira deste uruguaio foi no estádio Bento Freitas contra o São José de Porto Alegre. Aos 8 minutos e 45 segundos, ele entrava pra história ao marcar seu centésimo gol com a camisa do Xavante. De falta. Uma flechada. A centésima flechada. O centésimo momento de alegria, loucura, felicidade que ele proporcionou para esta apaixonada torcida. Futebol é paixão... Não bastando cem gols, ele queria mais. Abriu mão de ser jogador e se transformou em artista. Fez uma pintura. Dançou na frente do goleiro. Fez um golaço.

Graças a esse gol, juntamente com César Soares, que na época trabalhava comigo na TV UCPel, fizemos uma matéria sobre a vida, a carreira de Roberto Claudio Milar Decuadra. Fomos até a casa dele. E fomos muito bem recebidos. Conhecemos, por meio de fotos, a vida deste Xavante. Vimos em um imenso pôster, que ele era ídolo também na Polônia, quando jogava pelo Pogón. Ele era fora de série.


Depois do centésimo, na próxima viagem que fiz com o Xavante ele rindo me disse: “visse o que fizeram comigo em Porto Alegre? Me chamaram de CINDERELA!! Dá pra acreditar!?” Era o bom humor do ídolo. Ídolo que não tinha medo de pular o alambrado e fazer a festa com a torcida. Ídolo que não se intimidava com zagueiros grandes e fortes. Ídolo identificado com o clube. O maior ídolo da história recente do Brasil. Isso se não é o maior ídolo da história do Brasil. Ídolo que queria ser presidente do clube, e não tenho dúvida alguma de que seria. Ídolo que queria encerrar a carreira no G.E. Brasil. E encerrou da pior forma possível. Mas encerrou fazendo o que ele mais sabia fazer. Gols. Parece que a camisa sete nunca mais ficará tão bem em outro atleta quanto ficava no Milar. Parece que camisa e jogador eram um só. Parece que a sete foi feita especialmente pra ele.


A cidade de Pelotas está triste. A nação Rubro-negra chora. Mas o futebol é movido pela paixão. A saudade vai ficar, mas esta tristeza se transformará em orgulho, em recordações. Claudio Milar, Régis e Giovani Guimarães. Três Xavantes. Três guerreiros. Ídolos que sempre trouxeram alegrias a uma apaixonada torcida. E que se foram. Eternizados... Pra sempre na memória de cada apaixonado torcedor Rubro-negro.